Resumo do Artigo “Revisão Sistemática e Comparação Teórica dos Resultados de Crianças em Arranjos de Convivência Pós-Separação”

Resumo do Artigo “Systematic Review and Theoretical Comparison of Children’s Outcomes in Post-Separation Living Arrangements”

Título: Revisão Sistemática e Comparação Teórica dos Resultados de Crianças em Arranjos de Convivência Pós-Separação.

Autores: Laura M. Vowels, Chiara L. Comolli, Laura Bernardi, Daniela Chacón-Mendoza, Joëlle Darwiche

Publicado: PLOS ONE, 30 de junho de 2023

Objetivo: Sintetizar a literatura sobre os resultados de crianças em diferentes arranjos de convivência (famílias nucleares, guarda física compartilhada [GFC], guarda física única [GFU]) após a separação dos pais, extraindo e estruturando hipóteses teóricas relevantes e comparando os resultados empíricos com essas hipóteses.

Metodologia: Revisão sistemática de 39 estudos conduzidos entre janeiro de 2010 e dezembro de 2022, seguindo as diretrizes PRISMA. As buscas foram realizadas nas bases de dados Scopus, Web of Science Core Collection e APA PsycInfo. Os estudos incluídos compararam os arranjos de convivência em cinco domínios de resultados infantis: emocional, comportamental, relacional, físico e educacional.

Hipóteses Teóricas:

Hipótese de Seleção: As diferenças nos resultados são devidas à seleção pré-existente para esses arranjos, e não ao arranjo em si.

Hipótese de Instabilidade: A dissolução da união causa instabilidade familiar, o que leva a resultados negativos para as crianças, independentemente do arranjo subsequente.

Hipótese de Menos Recursos: Famílias divorciadas, especialmente GFU, têm menos recursos (emocionais, financeiros, sociais), o que explica os resultados inferiores das crianças.

Hipótese de Mobilidade Estressante: GFC resulta em movimentação estressante entre as casas dos pais, o que pode ser prejudicial para o bem-estar da criança.

Principais Resultados:

As crianças em famílias nucleares apresentaram consistentemente resultados iguais ou melhores em comparação com os arranjos de convivência pós-separação.

Em 75% dos estudos, as crianças em GFC tiveram resultados semelhantes aos das crianças em famílias nucleares.

As crianças em GFU tenderam a apresentar os piores resultados em todos os domínios.

Os resultados foram mais consistentes com a hipótese de menos recursos, sugerindo que as crianças em GFU têm menos acesso a recursos relacionais e econômicos.

Não houve apoio para a hipótese de mobilidade estressante.

A inclusão de variáveis explicativas (seleção, relacionamento, econômicas, da criança) geralmente reduziu as diferenças entre os grupos, mas raramente eliminou a significância.

Implicações:

Teoria: A revisão destaca a importância de um embasamento teórico sólido na pesquisa sobre arranjos de convivência familiar, incentivando a explicitação das suposições teóricas e a seleção cuidadosa de variáveis.

Pesquisa: Mais pesquisas longitudinais e intensivas são necessárias para entender as trajetórias desses arranjos ao longo do tempo e o impacto a longo prazo nas crianças.

Prática: Os resultados apoiam políticas que (1) promovem a estabilidade familiar e (2) incentivam arranjos de GFC em detrimento de GFU, quando a separação dos pais é inevitável. Programas de coparentalidade também podem ser úteis para mitigar os impactos negativos da separação.

Limitações:

Heterogeneidade nas variáveis explicativas e de desfecho entre os estudos.

Poucos estudos longitudinais.

Dificuldade em isolar o efeito específico de variáveis explicativas.

Conclusão:

A revisão fornece evidências de que as crianças em famílias nucleares geralmente se saem melhor, mas que o GFC pode proporcionar resultados comparáveis, enquanto o GFU está associado a resultados inferiores. Os resultados reforçam a importância de políticas públicas e práticas profissionais que priorizem o bem-estar das crianças em contextos de separação familiar, com foco no apoio à coparentalidade e na garantia de recursos adequados.

Citações Relevantes:

“Os resultados mostraram que os resultados das crianças eram melhores nas famílias nucleares, mas em 75% dos estudos, as crianças em arranjos de GFC tiveram resultados iguais. As crianças em GFU tenderam a relatar os piores resultados.”

“Quando comparados com as diferentes hipóteses teóricas, os resultados foram mais consistentes com a hipótese de menos recursos, que sugere que as crianças, especialmente em famílias GFU, têm menos recursos relacionais e econômicos, enquanto as crianças em famílias GFC são mais capazes de manter recursos de ambos os pais.”

Fonte – Artigo: https://journals.plos.org/plosone/article?id=10.1371/journal.pone.0288112